Cuidado Centrado para romper a barreira do idioma

13 de fevereiro de 2023

Hospital do Rio Grande do Sul recebeu paciente ucraniana e desenvolveu na prática o cuidado centrado para romper a barreira do idioma e privilegiar o cuidado seguro entre equipe e paciente.

Podemos olhar para a palavra "cuidar" num sentido amplo como sendo: mente, corpo e espírito, além de termos uma visão holística e consciente de que os pacientes são diferentes e têm necessidades diferentes. Esse compromisso com o Planetree e a arte de cuidar foi exatamente o que vimos acontecer no Hospital Regional Unimed Missões, situado no Rio Grande do Sul.

Conversamos com as profissionais Glaucia Luciane Fenner (enfermeira responsável pelo Drive 4 do Planetree) e Paloma de Fátima de Almeida Bólico (enfermeira coordenadora da UTI no Hospital Regional Unimed Missões) sobre um relato emocionante, no qual o cuidado centrado na pessoa se fez presente do início ao fim do tratamento, tornando-se fundamental para sua recuperação plena.

Há pouco mais de um mês, o Hospital Regional Unimed Missões recebeu a paciente A.K de 31 anos (nome abreviado para preservar a identidade). De origem ucraniana e residente no Brasil há apenas 6 meses, a paciente deu entrada no hospital com um quadro grave. E entrava também em campo, o cuidado centrado para romper a barreira do idioma.

A enfermeira Glaucia Fenner nos contou que a paciente veio refugiada da guerra. Ela morava na Ucrânia e estava sendo convocada para ir para regiões de conflito, por ser profissional de enfermagem. Por isso, buscou vir para o Brasil. No início foi bem assustador para toda equipe do Hospital, pois ela chegou bem ruim, necessitando de cuidados de terapia intensiva. Durante uns 3 ou 4 dias, todos da equipe ficaram bem ansiosos e preocupados com a questão da comunicação, tendo em vista que ela não dominava o nosso idioma.

Depois da retirada do tubo de intubação, a equipe responsável inicialmente buscou alguém que falasse russo, um dos idiomas que a paciente domina. Então, encontraram um embaixador que mora próximo a região do hospital e ele se dispôs a ajudar. Após um tempo, a comunicação se deu mesmo pelo aplicativo de celular para a tradução do idioma português-russo. A paciente tinha dificuldades no início, mas depois foi tranquilo. No total, ela ficou com a equipe por 15 dias e todos conseguiram se adaptar à nova situação.

A equipe que contou com cerca de 50 profissionais, entre médicos, enfermeiros e multiprofissionais, utilizou estratégias de comunicação e, como relatado antes, ferramentas tecnológicas disponíveis para transpor esta barreira. O Google Tradutor, por exemplo, fez com que o dia a dia com a paciente fluísse melhor e o tratamento fosse realizado de forma eficaz e centrada nas necessidades da paciente.

Para a enfermeira Glaucia "a comunicação corporal é universal. Por mais que existam dificuldades no idioma, o olhar, um toque e o fato de se colocar à disposição e entender o outro na sua essência, faz total diferença para o resultado". Já Paloma Bólico, coordenadora da UTI do Hospital Regional Unimed Missões aponta o trabalho em equipe como fator determinante para o sucesso do tratamento. "Quando todos se ajudam e a equipe coloca o paciente como o centro do cuidado, os resultados são perceptíveis e benéficos para criar experiências transformadoras", finaliza.

 

"A comunicação corporal é universal. O olhar, um toque e o fato de se colocar à disposição e entender o outro na sua essência, faz total diferença para a qualidade do cuidado ao paciente"

 

 Reconhecendo as barreiras como ponto decisivo para os bons resultados acontecerem

Reconhecer as barreiras físicas e não físicas ligadas a atividade dos profissionais de saúde é um ponto decisivo para determinar bons resultados. Nos ambientes assistenciais, a existência dessas barreiras produz impactos diretos nos cuidados a serem direcionados ao paciente.

Neste cenário, um dos elementos mais importantes é a comunicação, afinal como decidir por um tratamento ou outro se a informação é mal compreendida ou incompleta?

Adotar estratégias que privilegie o cuidado seguro, envolve atenuar as falhas de comunicação entre equipe e paciente e é muito importante para fortalecer uma cultura de segurança no trabalho.

 

 

Nosso agradecimento especial a(o):

Hospital: Hospital Regional Unimed Missões

Enfermeira: Glaucia Fenner - Enfermeira no Hospital Regional Unimed Missões "“ Responsável pelo Drive 4 do Planetree

Enfermeira coordenadora: Paloma Bólico "“ Enfermeira Coordenadora da UTI

*Paciente: A.K tem 31 anos.

*O nome não foi revelado para proteger a identidade da paciente.

Compartilhe este artigo